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FNE responde crítica sobre a regulamentação do piso salarial da enfermagem

O texto, publicado originalmente por Marcelo da Fonseca (Correio Braziliense) em 1º de maio, diz que o novo piso salarial dos enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, parteiras, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais irá causar impacto financeiro nas contas municipais. Leia o texto aqui


Abaixo, a resposta da FNE por Lauer Marinho Sardenberg (Enfermeiro)

Prezado
Marcelo da Fonseca

Existem duas condições para que uma população possa se desenvolver de forma satisfatória: Saúde e Educação. A Enfermagem corresponde não menos do que 70% do quantitativo dos profissionais da saúde, ou seja, sem Enfermagem a saúde não desenvolve suas ações.Estamos atrasados em relação a nossa remuneração, com salários baixíssimos, abaixo dos demais profissionais da saúde e com maiores responsabilidades. Hoje nós profissionais de Enfermagem não estamos com disponibilidade e nem financeiramente suficiente para o aprimoramento profissional e dedicação as nossas famílias. Quero deixar claro que se aprimorar e ter tempo pra família são essenciais para uma manutenção da nossa própria saúde.

Conhecer o trabalho desempenhado pelos profissionais de Enfermagem deve ser o primeiro passo para realizar duras críticas à categoria. Se o governo quer investir na minimização de erros cometidos na Enfermagem, o investimento deve ser realizado: Na carga horária menor de trabalho, melhorar o piso salarial e melhorar as condições de trabalho.

Além disso, pergunto a você: Qual é o profissional que trabalha 12 horas seguidas e muitas vezes sem intervalo para atender o cliente? Qual é o profissional que fica muito exposto ao risco biológico pra defender a saúde da população? Qual é profissional que deixa sua família, muitas vezes sem ter o que comer, pois está ganhando apenas um salário mínimo?

Qual é o profissional que se despe de toda a sua essência e limpa tudo aquilo que é menosprezado pelos demais profissionais para garantir o mínimo de dignidade, incluindo durante o processo de morte? E sabe por que fazemos isso? Pra preservar a espécie humana! Sim a espécie humana, pois embora o nosso trabalho não apareça, mas nada na saúde funciona sem nós: A ENFERMAGEM.


Aguentar o que nós aguentamos não é pra qualquer um, é preciso doses de conhecimento científico (sem dinheiro não conseguimos), é preciso ter doses de humanidade, é preciso de dose de saúde (sem carga horária decente não conseguiremos), é preciso ter dose e doses de energia, pra ficarmos a noite toda cuidando da saúde, quando a grande parte da população, incluindo outros profissionais da saúde dorme.

Por que você acha que está aumentando cada vez mais o número de erros pelos profissionais da Enfermagem? Estamos sobrecarregados, desmotivados, sem saúde financeira e psicológica. Quanto mais erros terão que acontecer para termos condições dignas de trabalho?


Os custos? Ah! meu caro Marcelo Fonseca… Coloque na ponta do lápis os repasses Municipais que não dão em nada! Cobrem das autoridades as verbas destinadas as ONGs (dos próprios parlamentares), retirem as aposentadorias dos parlamentares que fazem dois mandatos e já se sentem cansados e sobrecarregados… 

Aguentar mais de 25 anos a rotina que temos aguentado, pra dizer que no Brasil tem saúde é um preço pequeno que o estado terá que pagar para ter saúde com dignidade à população.


Que venham as 30 horas e o aumento do piso salarial pra ENFERMAGEM!

Fonte: FNE

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